2.8.09

Passaporte



Distintivos de clubes, para mim, são como documentos de identificação. Devem ser únicos. Devem trazer, intrinsecamente, características peculiares do seu portador.

Veja o símbolo do Liverpool, um dos mais belos do mundo. Segundo Luis Fernando Bindi (in memorian), o distintivo tem ao centro o Liver Bird, símbolo da cidade. Acima do brasão, o lema "You'll Never Walk Alone", música do grupo de rock inglês Gerry and The Pacemakers, que virou um hino para os torcedores do clube. Ao lado do Liver Bird, duas piras flamejantes lembram as almas de todos os que morreram na tragédia de Hillsborough. Ao centro, está o nome do clube e abaixo, o ano de fundação.

Os grandes clubes europeus possuem vasta exposição na mídia. Com astros do futebol mundial no elenco e orçamentos milionários, os seus distintivos nem precisam ser tão explícitos como é o caso do Liverpool. A simples e constante repetição da imagem já permite a associação direta com os clubes.
Os clubes brasileiros, por sua vez, não possuem tanta ressonância midiática no exterior. Sendo assim, muitos distintivos pecam pela falta de elementos que facilitem a identificação.Veja o caso do Botafogo. Com justiça, o escudo da estrela solitária foi escolhido o mais bonito do mundo, em eleição realizada pelo site Esporte Fino. Entretanto, o clube deveria possuir uma versão para utilização fora do eixo sul-americano contendo, pelo menos, seu nome. Seria o passaporte do clube. A forma visual que o identificaria em projeções além da América do Sul, facilitando a expansão de mercados. O Atlético-PR, em 1995, trocou o distintivo na forma de escudo pelo circular, contendo um aro negro com o nome e a fundação do clube, formato que facilita a expansão externa. O Inter-RS, neste ano do centenário, criou uma versão de seu símbolo com um anel branco que traz o seu nome e a data de fundação. Este anel envolve o tradicional círculo vermelho com as iniciais do clube trançadas e sobrepostas. Em minha opinião, esta versão deveria ser oficializada para aplicação em âmbito internacional, já que permite a imediata associação do nome e história da instituição para novos mercados.
No Brasil, os traços tradicionais dos distintivos são parte da história e devem ser respeitados. Mas com as escassas oportunidades de mídia, em âmbito global, torna-se importante dizer quem é logo de cara. Criar uma espécie de passaporte. Um documento que traga tanto a identificação visual do clube como seu nome.

Um comentário:

  1. Nossa, falou tudo! Esse escudo do Liverpool é lindo, e os elementos que compõem o símbolo o deixa mais atraente ainda. Aqui no Brasil são poucos os escudos que eu acho bonito... gosto do escudo do Palmeiras, do Grêmio, do Botafogo... e realmente, deveriam ter versões internacionais dos mesmos, os gringos nem sempre conhecem os times, muito menos os escudos! Ótimo post, posso reproduzir no meu blog com os devidos créditos e uma apresentação de você? Beijos!

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